"Pssor! Qual é dessa máscara ai?"

Então Criatura amotinada... Além de te deixar parecido com o "Sub-Zero" e o "Scorpion" do Mortal Kombat, T-E-O-R-I-C-A-M-E-N-T-E serve para aumentar o número de glóbulos vermelhos no sangue, e consequentemente melhorar seu desempenho aeróbico.

Existe uma gama de estudos defendendo os treinos em Hipoxia (pouco O2) e outra gama crucificando, como Mazzeo (2008) ao afirmar uma redução no rendimento de atletas e até mesmo um efeito prejudicial no desempenho.

Na mesma linha de raciocínio, McCardle (2009) acrescenta que os treinamentos em grandes altitudes não tem nenhum beneficio adicional para os atletas que se exercitam ao nível do mar.

Entretanto, Cable (2013) defende a importância dos treinamentos em ambientes com pouca oxigenação, principalmente para aeronautas. Em seu estudo envolvendo a Força Aérea Australiana, concluiu-se que 75,8% dos incidentes de despressurização foram reconhecidos rapidamente pela tripulação decorrente de alterações e sinalizações fisiológicas e, assim reforçando a importância e o benefício do treinamento em hipoxia.

Seguindo esse mesmo caminho da "defesa", Araújo (2009) concorda que uma permanência adequada na altitude pode desenvolver uma série de alterações fisiológicas que podem acarretar em uma melhora no transporte de oxigênio. Essas adaptações podem ser agudas ou crônicas, e visar um aumento do fluxo sanguíneo para compensar a redução na concentração de oxigênio, assim aumentar a concentração de hemoglobina.

Esse debate é fundamental para entendermos o papel do relacionamento entre hipóxia e treinamento, pois vai além do aumento dos níveis de glóbulos vermelhos ou da melhora da resistência muscular. Estamos falando em levar o organismo a situações extremas de desempenho e de sobrevivência em determinados casos.

"BELEZA PSSOR! MAS DEVO OU NÃO DEVO USAR ESSA MÁSCARA?"

Pequeno serelepe, acho que seu cérebro já está em hipoxia, pois minha função aqui não é falar para USAR ou DEIXAR DE USAR qualquer coisa. Eu tenho como tarefa, mostrar os dois lados da brincadeira e ficar "em cima do muro" como os Suíços.

Com ou sem máscara, várias metodologias já são aplicadas em atletas para melhorar seus capacidades físicas, como o famoso “Living high-training low”, algo do tipo, “vivendo alto e treinando baixo” (ficou bem frase de chapado, eu sei). Essa estratégia descrita por Levine (2002) sugere dois pontos: (1) uma combinação de aclimatação na altitude (~2500m) com o treinamento em baixa altitude; ou (2) Treinar em altas atitudes com baixa intensidade.

Para finalizar e confundir ainda mais sua cabeça, Salvador (2011) estudou e constatou que triatletas treinando em altitudes moderas sofreram apenas variações na FC (frequência cardíaca) decorrente da intensidade do treinamento, e não pela altitude.

Falar sobre treinamento é igual debater politica, religião, futebol e Pokémon... sempre haverá quem defenda e quem ataque, por isso é muito importante um acompanhamento profissional ao seu lado.

PS: se tratando de Hipóxia e Treinamento, é INDISPENSÁVEL um profissional Q-U-A-L-I-F-I-C-A-D-O ao seu lado.

Não Inventei:

Mazzeo, R.S. Physiological responses to exercise at altitude: un update. Sports Med. 2008;38(1):1-8.

McCardle, W.D. Exercise physiology: nutrition, energy and human performance. Lippincott williams and Wilkins. Seventh edition, 2009.

Cable GG. In-flight hypoxia incidents in military aircraft: causes and implications for training. Aviat Space Environ Med 2003; 74:169–72.​

Araújo. Efeitos da exposição à altitude no desempenho físico. Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 129 - Febrero de 2009.

Levine B.D. Intermittent hypoxic training: Fact and fancy. High Alt Med Biol. 2002 Summer; 3(2):177-93.

Salvador, Bruno Carlos Nunes. Influência do treino na variabilidade da frequência cardíaca em triatletas. Mestrado em Treino de Alto Rendimento. Universidade de Lisboa, 2011.