YÔGA, CALISTENIA e MUSCULAÇÃO – A nova fusão fitness?

Depois de trabalhar em salas de musculação, praticar calistenia com amigos em praças e agora entrar no universo místico do yôga, comecei a me perguntar: “Qual é a melhor atividade?”

A resposta parecia complexa no começo, mas hoje é simples e fácil: depende do momento em que você está vivendo.

Teoricamente o grande objetivo do ser humano é a busca da felicidade, cada sujeito com suas técnicas e escolhas. Por este motivo, conseguimos encontrar pessoas felizes em 100m² de uma sala de musculação, algumas barras fixas em praças e em um pedaço de jardim com um tapetinho.

Atualmente estas três “modalidades” entraram em um processo de fusão, tornando-se procuradas e desejadas por praticantes de uma gama variada de atividades físicas.

Hoje o conceito de “corpo ideal” ganhou novos olhares, deixando o estilo No Pain No Gain para buscar um físico mais magro, definido e saudável, em conjunto com um Life Style, integrando mente, corpo e natureza.

Esta nova “Calisyôga”, “Muscotenia”, “Yôgação” (não sei como chamar ainda), fortaleceu-se com uma velocidade incrível, decorrente das novas pesquisas relacionadas ao exercício físico. Somente na plataforma cientifica PubMed (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/), ligada ao U.S. Department of Health and Human Services, podemos encontrar mais de 3.000 pesquisas relacionadas ao yôga, mais de 2.900 sobre calistenia e quase 14.000 sobre treinamento resistido.

Ao todo, estamos falando de aproximadamente 20 mil trabalhos ao redor do globo relacionando estas três atividades com melhora na saúde e qualidade de vida de pessoas de todas as faixas etárias e de ambos os sexos.

A grande dificuldade é conseguir juntar todas estas atividades em uma forma periodizada de treinamento, ou seja, distribuir todos os exercícios, técnicas e estímulos em um programa concreto e eficiente de treino.

O treinamento de força é inquestionavelmente eficiente para melhora, manutenção e prevenção da saúde das pessoas, como já defendido por vários pesquisadores desde a década de 60. Porém, o “olhar científico” também recaiu sobre o yôga e a calistenia para combater inúmeras patologias e distúrbios. Muitos exercícios destas modalidades se confundem por apresentarem técnicas e execução distintas, mas são muitos similares no caráter fisiológico e biomecânico, pois sofrem uma conexão histórica muito além do exercício propriamente dito.

O Handstand do Crossfit tem técnicas específicas para desenvolver-se, mas é muito semelhante à popular “bananeira” da Capoeira, que é utilizada na calistenia, e também se assemelha ao Adho Mukha Vrksasana do yôga. É surpreendente como em apenas um exercício conseguimos encontrar três técnicas e filosofias de treinamento.

Na calistenia e também no Crossfit alguns praticantes realizam o “pistol” (um agachamento completo, utilizando apenas uma das pernas) e no yôga o mesmo movimento é chamado de Padotthita Utkásana.

Existe uma infinidade de exercícios da calistenia que adentram a musculação e diversos movimentos do yôga que influenciam a calistenia direta ou indiretamente. Não vejo de maneira negativa esta atual fusão, pelo contrário, observo um ressurgimento de uma prática antiga como a calistenia e o fortalecimento de outra milenar, o yôga.

O número de parques e praças é perfeito para esta tendência fitness, pois envolve um custo zero por parte do praticante, mas um custo alto por parte do profissional. Isso mesmo, quando falamos desta fusão, falamos de investimento intelectual e financeiro que vai muito além dos quatro anos do curso de Educação Física. Refiro-me a cursos de formação de Coach em Crossfit, em instrução para o Yôga e cursos de Ginásticas Calistênicas, ou seja, mais alguns anos de preparação antes de sair saltando e orientando as pessoas nos parques.

Não estou falando de uma “reinvenção de roda”, mas de um novo olhar sobre a base do exercício físico, em uma junção do passado e presente, na reconexão do Oriente com o Ocidente

Com tanto “invencionismo” aparecendo por todos os lados, acredito que está na hora de sentar, pensar e olhar para as bases do treinamento físico e retomar sua prescrição de maneira saudável e correta.